quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O dia que resisti a um assalto e tomei a arma do bandido...

No entanto, estarei hoje panfletando proximo a um pardal que é parte de uma usina de multas
 
 
Como haveria dificuldade em estacionar o carro, eu e minha mulher recorremos a uma van, único transporte que nos levaria ao destino desejado.

O veículo não estava lotado, mas tive que sentar no último banco, ao lado de um rapaz de uns 24 anos presumíves.

O motorista solicitou o pagamento e eu tirei do bolso um bolo de notas, puxei uma de vinte e fiz chegar até ele.

Dois ou três minutos depois, o rapaz mostrou-me um revólver 38 cano longo e ordenou que passasse todo o meu dinheiro para ele.

Inesperadamente, mesmo vendo a arma, como haviam outros passageiros, decidi discutir com o assaltante. As pessoas nos bancos da frente não deram nenhuma atenção. Minha mulher ficou nervosa.

Mas, num lapso de distração do bandido, consegui pegar sua arma pelo cano e ficar segurando, apontada para fora. Pedi ajuda aos demais passageiros, mas ninguém quis se meter e ainda houve quem reclamasse que eu estava pondo em risco a vida de todos.

Por milagre, consegui tomar a arma e o bandido entrou em pânico, pedindo que não atirasse nele.

Disse-lhe que não era esse meu propósito, mas o de levá-lo preso.

O motorista da van deixou-nos próximo a uma delegacia.  Quando descemos, o bandido saiu correndo e eu preferi não atirar.

Voltei-me para os demais passageiros e reclamei da passividade de todos.  Levei uma tremenda reprimenda. E só encontrei um para ir comigo à Delegacia entregar a arma tomada do bandido.


Porque sonho muito, eu mesmo bolei esse pequeno  anúncio que
 sairá em três edições de O GLOBO, revezando com outros
pagos também com doações recebidas. O que você acha?
Gente, isso foi um sonho.

Acordei às 4 da manhã desta quinta-feira fria e resolvi escrever esta crônica para propor uma reflexão.

Provavelmente, se isso acontecesse comigo na vida real, minha atitude seria outra. Mas lembro que no início da década de 90, perto dos Arcos da Lapa, em meio a um trânsito intenso, um garoto aproveitou que estava de vidro aberto e pediu-me a carteira, insinuando que estava armado.

Não usava carteira, naquele então. Sem pensar, esclareci isso, mas o rapaz insistiu que eu deveria ter carteira. Como realmente não tinha, sem pensar duas vezes, mantive minha postura. O sinal abriu e fui-me sem ceder ao bandidinho que, provavelmente, estava apenas dando uma "sugestão".

Estava no meu primeiro mandato. Cheguei à Câmara e fiz a comunicação do incidente da tribuna, diante de um plenário vazio.  Depois, ouvi de alguns vereadores que eu estava inventando história para chamar atenção. E nunca mais falei nisso, só voltando ao assunto quando outro garoto meteu a mão no meu bolso no estacionamento da rua da Câmara e me levou o dinheiro correndo, agindo com incrível destreza.

Volto à proposta da reflexão: não digo que o certo seria tomar a arma do bandido, pois não há dinheiro que pague nossas vidas.

Mas será que esse sonho não remete para minha consciência crítica diante da visão de passividade dos cidadãos que são assaltados por todos os meios e não apenas nesse mundo degenerado da administração pública?

Na noite de véspera, fui informado que a Sul América está aumentando em 19,96% a mensalidade do plano de saúde em grupo do Sindicato dos Jornalistas, no qual estou  inscrito.

Isso também não é um assalto?  Para os que não sabem, os seguros em grupo não sofrem controle de reajuste do governo.  E não é a primeira vez que a Sul América alega a tal "sinistralidade" para arrancar um aumento muito superior ao dos nossos salários e aposentadorias.

Escrevi às outras vítimas informando que ia procurar outra saída, que comprasse a minha carência. Alguns colegas concordaram, mas um sugeriu que o  sindicato fizesse a pesquisa.

O sindicato? Lembrei que, apesar do protesto de um dos seus titulares, a diretoria decidiu apropriar-se do dinheiro que ganhamos num outro processo contra essa mesma Sul América.

Nesse momento, liderados por esse diretor, estamos abrindo processo contra o próprio sindicato para rever o dinheiro que pagamos a mais e ficou no meio do caminho.

Fiquei pensando então: a coisa está feia, quanto mais rezamos mais aparece assombração. ou se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.

Epílogo:

Você não acha que está na hora de dizer um BASTA ROTUNDO aos assaltos de que somos vítimas diariamente, obrigando-nos a fazer das tripas coração para não cair nesses sistemas de maus pagadores?

Espero que tenham entendido meus escritos. Já não vou poder dormir mas um pouco, pois logo  irei panfletar num sinal próximo à Avenida das Américas para distribuir meu jornal contra o LAUDÊMIO, outra extorsão desde 1831, que atinge os proprietários das chamadas áreas de marinha, definidas arbitrariamente pela voraz Secretaria do Patrimônio da União.

Estarei próximo a um desses pardais caça-níqueis que nos submete a um novo tipo de tortura e faz a festa da empresa terceirizada que leva 30% de cada multa emitida, ajudando a aumentar a arrecadação da Prefeitura. Isso, apesar de decisão da 2ª Turma do STJ, que considerou ilegais as multas dos pardais.

Mas isso são outros quinhentos. Ou não?

PEDRO PORFÍRIO é candidato a vereador no Rio de Janeiro com o número 40123

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