terça-feira, 7 de agosto de 2012

Táxis de luxo e os profissionais da praça nos grandes eventos internacionais


Poderosos grupos estão de olho nesse mercado,  muito mais

atraente com o crescimento do turismo

Um jornal de campanha dedicado aos taxistas revela a trama sobre a praça


Uma frota inicial de mil carros de luxo, padrão “fusion”, sem taxímetros, com acessos exclusivos às áreas dos hotéis, aeroportos, porto e pontos turísticos, esse é um dos projetos já articulados para a praça do Rio de Janeiro com vistas aos grandes eventos internacionais que começam em 2013, com a jornada mundial dos jovens católicos, o Papa presente, e vão até os jogos olímpicos de 2016.

Segundo informações dignas de crédito, essa é uma proposta do bilionário Eike Batista. Mas ele não deverá ser o único a tentar abocanhar as “corridas em dólares” que passarão a predominar nas áreas mais cobiçadas da cidade,  que deverá ampliar  sua rede hoteleira de 20 mil quartos para 32 mil e terá investimentos pesados na segurança e em todos os demais itens exigidos pelos organizadores dos eventos internacionais.

Na prática, os amarelinhos poderão ser jogados para escanteio,  limitados a “corridas domésticas e em bairros da periferia”,embora hoje estejam tão equipados como os “táxis especiais” e tenham como condutores profissionais que conhecem a cidade como ninguém.

Não se trata de um projeto oficial. Portanto, as autoridades da área terão como desmentir tais informações. Mas não foi por acaso que a mídia iniciou uma verdadeira campanha de desestabilização dos táxis, com a publicação de reportagens que destacam uma imagem negativa, apontando um taxista que recusa corridas pequenas, trabalha no “tiro” e deixa os passageiros na mão quando eles mais precisam.

O que se propõe não vem a ser uma grande novidade. Hoje, na maioria dos hotéis só  carros particulares têm acesso aos seus hóspedes. Os amarelinhos são marginalizados também em pontos como o acesso ao Corcovado e excluídos nas contrações para atendimento a congressos de grande porte.

Quem tem peito e é honesto o suficiente para bater de frente contra esse projeto de exclusão dos taxistas tradicionais, que envolve milhões de dólares e uma rede de interesses internacionais?

Se hoje o sistema de exclusão dos hotéis já é aceito como “fato consumado”, imagine com a elevação da cidade do Rio de Janeiro a um nível de demanda turística semelhante a cidades européias.

Para você ter uma idéia do novo quadro turístico, as previsões são de que já em 2014 o Rio receba o dobro de turistas estrangeiros que aqui vieram em 2010: 1 milhão 610 mil, segundo dados da Embratur.

Em 2011 e 2012, essa mudança já se fez sentir.  Só o Rock in Rio trouxe 300 mil turistas em setembro do ano passado.  O carnaval deste ano bateu todos os recordes. Segundo dados da Riotur, 1 milhão 444 mil visitantes passaram pela cidade entre os dias 13 e 26 de fevereiro. Desse total, 32% (ou 462 mil) eram estrangeiros.

De acordo com o órgão, a receita gerada nos dias de folia foi de US$ 850 milhões (R$ 1 bilhão e 700 milhões pelo câmbio de hoje). Em 2011, o número de visitantes tinha sido de cerca um milhão e a receita, de US$ 740 milhões (R$ 1 bilhão 480 milhões).

Já no último Réveillon foram registrados 710 mil turistas e uma receita de US$ 526 milhões (R$ 896 milhões).

O balanço da Riotur também mostrou que pouco mais da metade (51%) dos visitantes ficou na casa de parentes ou amigos. Outros 21% hospedaram-se em hotéis, 11% em albergues e 17% em casas ou apartamentos alugados. Mesmo com apenas 21% hospedados em hotéis, a taxa de ocupação do setor foi de 95%. A maior taxa de ocupação, de 99,1%, foi registrada no Centro.

Além dos eventos que já constam do “calendário gordo” da cidade, teremos em 2013 a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude Católica, com a presença do Papa Bento XVI.

Este pretende ser o maior evento da sua história do Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho de 2013. A Jornada Mundial da Juventude, em 2011, levou 2 milhões de pessoas a Madri. A estimativa oficial e de que o público seja equivalente ao da edição espanhola, mas como disse monsenhor Joel Portela, coordenador da jornada pela Arquidiocese do Rio, trata-se de um acontecimento que “não fecha portas”, e é possível e provável que muita gente decida participar de última hora. Tudo isso dez dias depois do encerramento da Copa das Confederações no Brasil.

Em setembro, a edição de 2013 do Rock In Rio promete atrair mais de 500 mil turistas, isso sem falar na “parada gay”, cada vez mais procurada por visitantes de outras cidades.

É esse filão que está na mira de grandes grupos econômicos e poderá mudar o perfil da praça de táxis se não houver uma ação corajosa na Câmara Municipal, liderada por um vereador que não tenha rabo preso com ninguém e não tenha hábito de se deixar seduzir por grandes empresários, como acontece comumente.

Proponho-me  a essa tarefa e conto com uma votação expressiva da categoria, que tem alto poder de multiplicação de votos.  Para ele, os taxistas estão diante de uma encruzilhada e não podem perder de vista a necessidade de uma legislação que lhes assegure condições dignas de trabalho, inclusive junto a esse atraente mercado de visitantes.

Se você tem as mesmas preocupações, faça a sua parte. Mobilize seus colegas em um grande mutirão eleitoral. Já demonstrei minha garra, coragem e competência quando aprovei a Lei 3123/00 e a que obriga os postos de combustível a ter GNV.

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