Poderosos grupos estão de olho nesse mercado, muito mais
atraente com o crescimento do
turismo
Um jornal de campanha dedicado aos taxistas revela a trama sobre a praça |
Uma frota inicial de mil carros de luxo, padrão “fusion”, sem
taxímetros, com acessos exclusivos às áreas dos hotéis, aeroportos, porto e
pontos turísticos, esse é um dos projetos já articulados para a praça do Rio de
Janeiro com vistas aos grandes eventos internacionais que começam em 2013, com a
jornada mundial dos jovens católicos, o Papa presente, e vão até os jogos
olímpicos de 2016.
Segundo informações dignas de crédito, essa é uma proposta do
bilionário Eike Batista. Mas ele não deverá ser o único a tentar abocanhar as
“corridas em dólares” que passarão a predominar nas áreas mais cobiçadas da
cidade, que deverá ampliar sua rede hoteleira de 20 mil quartos para 32
mil e terá investimentos pesados na segurança e em todos os demais itens
exigidos pelos organizadores dos eventos internacionais.
Na prática, os amarelinhos poderão ser jogados para
escanteio, limitados a “corridas
domésticas e em bairros da periferia”,embora hoje estejam tão equipados como os
“táxis especiais” e tenham como condutores profissionais que conhecem a cidade
como ninguém.
Não se trata de um projeto oficial. Portanto, as autoridades da
área terão como desmentir tais informações. Mas não foi por acaso que a mídia
iniciou uma verdadeira campanha de desestabilização dos táxis, com a publicação
de reportagens que destacam uma imagem negativa, apontando um taxista que
recusa corridas pequenas, trabalha no “tiro” e deixa os passageiros na mão
quando eles mais precisam.
O que se propõe não vem a ser uma grande novidade. Hoje, na
maioria dos hotéis só carros
particulares têm acesso aos seus hóspedes. Os amarelinhos são marginalizados
também em pontos como o acesso ao Corcovado e excluídos nas contrações para
atendimento a congressos de grande porte.
Quem tem peito e é honesto o suficiente para bater de frente
contra esse projeto de exclusão dos taxistas tradicionais, que envolve milhões
de dólares e uma rede de interesses internacionais?
Se hoje o sistema de exclusão dos hotéis já é aceito como “fato
consumado”, imagine com a elevação da cidade do Rio de Janeiro a um nível de
demanda turística semelhante a cidades européias.
Para você ter uma idéia do novo quadro turístico, as previsões são
de que já em 2014 o Rio receba o dobro de turistas estrangeiros que aqui vieram
em 2010: 1 milhão 610 mil, segundo dados da Embratur.
Em 2011 e 2012, essa mudança já se fez sentir. Só o Rock
in Rio trouxe 300 mil turistas em setembro do ano passado. O carnaval deste ano bateu todos os recordes.
Segundo dados da Riotur, 1 milhão 444 mil visitantes passaram pela cidade entre
os dias 13 e 26 de fevereiro. Desse total, 32% (ou 462 mil) eram estrangeiros.
De acordo com o órgão, a receita gerada nos dias de folia foi de
US$ 850 milhões (R$ 1 bilhão e 700 milhões pelo câmbio de hoje). Em 2011, o
número de visitantes tinha sido de cerca um milhão e a receita, de US$ 740
milhões (R$ 1 bilhão 480 milhões).
Já no último Réveillon foram registrados 710 mil turistas e uma
receita de US$ 526 milhões (R$ 896 milhões).
O balanço da Riotur também mostrou que pouco mais da metade (51%)
dos visitantes ficou na casa de parentes ou amigos. Outros 21% hospedaram-se em
hotéis, 11% em albergues e 17% em casas ou apartamentos alugados. Mesmo com
apenas 21% hospedados em hotéis, a taxa de ocupação do setor foi de 95%. A
maior taxa de ocupação, de 99,1%, foi registrada no Centro.
Além dos eventos que já constam do “calendário gordo” da cidade,
teremos em 2013 a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude
Católica, com a presença do Papa Bento XVI.
Este pretende ser o maior evento da sua história do Rio de
Janeiro, entre 23 e 28 de julho de 2013. A Jornada Mundial da Juventude, em
2011, levou 2 milhões de pessoas a Madri. A estimativa oficial e de que o
público seja equivalente ao da edição espanhola, mas como disse monsenhor Joel
Portela, coordenador da jornada pela Arquidiocese do Rio, trata-se de um
acontecimento que “não fecha portas”, e é possível e provável que muita gente
decida participar de última hora. Tudo isso dez dias depois do encerramento da
Copa das Confederações no Brasil.
Em setembro, a edição de 2013 do Rock In Rio promete atrair mais de 500 mil turistas, isso sem falar
na “parada gay”, cada vez mais procurada por visitantes de outras cidades.
É esse filão que está na mira de grandes grupos econômicos e
poderá mudar o perfil da praça de táxis se não houver uma ação corajosa na
Câmara Municipal, liderada por um vereador que não tenha rabo preso com ninguém
e não tenha hábito de se deixar seduzir por grandes empresários, como acontece
comumente.
Proponho-me a essa tarefa e
conto com uma votação expressiva da categoria, que tem alto poder de
multiplicação de votos. Para ele, os
taxistas estão diante de uma encruzilhada e não podem perder de vista a
necessidade de uma legislação que lhes assegure condições dignas de trabalho,
inclusive junto a esse atraente mercado de visitantes.
Se você tem as mesmas preocupações, faça a sua parte. Mobilize
seus colegas em um grande mutirão eleitoral. Já demonstrei minha garra, coragem
e competência quando aprovei a Lei 3123/00 e a que obriga os postos de
combustível a ter GNV.
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