domingo, 5 de agosto de 2012

O “fracasso” olímpico em Londres e os jogos de 2016 no Rio de Janeiro


É preciso estar atentos antes que a paranóia compensatória leve a gastos inflados e sem retorno

Até a seleção  feminina de futebolde Marta foi mal em Londres e perdeu para as japonesas

Permito-me um breve comentário sobre os jogos olímpicos, matéria de todas as mídias e de todas as esquinas.
Por partes:
1.    É evidente o clima de fracasso da delegação brasileira de 259 atletas em 32 modalidades de esportes e apenas uma solitária medalha de ouro, até agora: segundo dados oficiais, essa delegação consumiu em quatro anos quase R$ 1,7 bilhão em investi­­mentos apenas no aperfeiçoa­­mento de atletas. Desses, 99 foram beneficiados pelo programa bolsa-atleta, do Ministério dos Esportes. E 51 são militares.
Pela primeira vez, boa parte dos atletas brasileiros tem uma superestrutura para treinamento exclusiva na cidade dos Jogos Olímpicos. No Crystal Palace, localizado no sul de Londres, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tenta reproduzir as condições que as superpotências do esporte dão aos seus atletas. O local tem academia, ginásio com várias quadras de esporte, piscinas de natação e saltos ornamentais, quadras de vôlei de praia e pista de atletismo. Ao todo, são 120 mil metros quadrados exclusivos para a delegação brasileira.
2.     Não estou cobrando medalhas, por que essa é outra história. O ranking olímpico não reflete o ambiente esportivo de um país. Um cara sozinho pode ganhar um monte de medalhas, como aconteceu com o nadador americano Michael Phelps, que abocanhou 8 em Atenas e 8 em Pequim, todas de ouro. E agora já é o recordista de todos os tempos, com 19 medalhas em 3 olimpíadas.
Já nos esportes coletivos, a situação se inverte: no futebol, uma equipe de 18 brasileiros disputa uma única medalha. Logo, tem alguma coisa que precisa ser revisada para que o cetro olímpico seja de fato e de direito o espelho da vida esportiva em um país campeão.
Mas o Brasil está indo mal de forma ampla, inclusive no futebol, onde quase não passou pela fraquíssima seleção de Honduras.
3.   A meu ver, hospedar uma olimpíada é um risco difícil de calcular. Fala-se que Barcelona saiu ganhando em 1992. Mas é oficial que a Grécia entrou pelo cano com o certame em Atenas, em 2004. Agora em Londres, estima-se um gasto exagerado, em contraste com a crise econômica que atravessa.
Como nas copas de futebol,  o país anfitrião tem de sujeitar-se a um rol de exigências  que nem sempre correspondem a seus interesses. E mete a mão no dinheiro público, contando com expectativas futuras.  Só para a festa de abertura, a Grã-Bretanha gastou o equivalente a R$ 86 milhões.  Os investimentos britânicos por conta dos jogos olímpicos chegaram a R$ 30 bilhões, o dobro do previsto quando apresentou sua candidatura.
4.  Em 9 de fevereiro de 2009, quando disputou a indicação, o Rio de Janeiro apresentou uma previsão de gastos de R$ 29,5 bilhões (em infraestrutura urbana, construção e reforma de instalações esportivas, além de custeio do comitê organizador), quase oito vezes o que foi investido para tirar o Pan 2007 do papel (R$ 3,8 bilhões). Admite-se que parte desses investimentos, que representam quase o dobro do orçamento anual da Prefeitura, traga benefícios permanentes para a cidade,  nos anos pós-olimpíadas.
Mas é fato que eles são direcionados para as zonas de “interesse olímpico” e podem deixar sequelas irreparáveis para o conjunto da cidade.  No caso dos equipamentos esportivos, o custo-benefício de equipamentos para determinadas modalidades é totalmente improvável. E ainda se corre o risco de obras de curta durabilidade, como aconteceu com o velódromo do Pan, que foi descartado para as olimpíadas, embora na previsão de 2009 constasse que ele seria aproveitado.
No orçamento de 2009 para 2016, está prevista a subutilização do  Parque Aquático Maria Lenk que custou R$ 85 milhões. Constatou-se que ele ficou defasado e será usado apenas para saltos ornamentais e competições de polo.
Projetado para cinco mil espectadores, o Maria Lenk poderia receber um público de até 12 mil em estruturas provisórias, atendendo às exigências do COI na época da construção. Mas, após os Jogos de Pequim, o COI passou a exigir espaço para 15 mil espectadores. A solução encontrada foi planejar um novo complexo de piscinas, no Centro Olímpico de Treinamento (COT) que o COB planeja construir no terreno do autódromo.
5.   À falta de uma visão estratégica, cria-se uma situação temporária sem garantia de continuidade.  A rede hoteleira do Rio de Janeiro tinha 20 mil quartos em 2009 e uma média anual de ocupação inferior a 60%.  Para os jogos de 2016, a previsão oficial é que chegue a 32 mil quartos, isso graças a incentivos (ou renúncias)  fiscais da Prefeitura.  Quem garantirá a viabilidade econômica posterior do complexo hoteleiro dimensionado para o evento de 15 dias?
Bem, essas são apenas algumas reflexões. Voltando à Câmara, como espero, vou dar uma atenção especial a todos os gastos com as olimpíadas, a fim de que não aconteça o mesmo fiasco do Pan, que custou 14 vezes mais do que o orçado originalmente, segundo a revista ISTO É, cujas decisões maiores aconteceram quando eu não estava no Legislativo (entre 2005 e 2006).

Governador Eduardo Campos grava
apoio à nossa candidatura
Eduardo Campos, o governador mais bem avaliado do Brasil, que aponta como "presidenciável", lembrou que Pedro Porfírio é uma figura de nossa história e merece resgatar o mandato.

Nome nacional, como se verá em pronunciamentos que publicaremos aqui,  Pedro Porfírio foi distinguido com um pronunciamento gravado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, e outro do vice-presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia.
Essas gravações estão  sendo editadas pela produtora e serão publicadas aqui nos próximos dias, junto com outros pronunciamentos de lideranças e personalidades expressivas.

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