É preciso estar atentos antes que a paranóia compensatória leve
a gastos inflados e sem retorno
Até a seleção feminina de futebolde Marta foi mal em Londres e perdeu para as japonesas |
Permito-me um breve comentário sobre os jogos olímpicos,
matéria de todas as mídias e de todas as esquinas.
Por partes:
1.
É evidente o clima de fracasso da delegação
brasileira de 259 atletas em 32 modalidades de esportes e apenas uma solitária
medalha de ouro, até agora: segundo dados oficiais, essa delegação consumiu em
quatro anos quase R$ 1,7 bilhão em investimentos apenas no aperfeiçoamento
de atletas. Desses, 99 foram beneficiados pelo programa bolsa-atleta, do
Ministério dos Esportes. E 51 são militares.
Pela primeira vez, boa parte dos atletas brasileiros tem uma
superestrutura para treinamento exclusiva na cidade dos Jogos Olímpicos. No
Crystal Palace, localizado no sul de Londres, o Comitê Olímpico Brasileiro
(COB) tenta reproduzir as condições que as superpotências do esporte dão aos
seus atletas. O local tem academia, ginásio com várias quadras de esporte,
piscinas de natação e saltos ornamentais, quadras de vôlei de praia e pista de
atletismo. Ao todo, são 120 mil metros quadrados exclusivos para a delegação
brasileira.
2.
Não estou
cobrando medalhas, por que essa é outra história. O ranking olímpico não
reflete o ambiente esportivo de um país. Um cara sozinho pode ganhar um monte
de medalhas, como aconteceu com o nadador americano Michael Phelps, que
abocanhou 8 em Atenas e 8 em Pequim, todas de ouro. E agora já é o recordista
de todos os tempos, com 19 medalhas em 3 olimpíadas.
Já nos esportes coletivos, a situação se inverte: no
futebol, uma equipe de 18 brasileiros disputa uma única medalha. Logo, tem
alguma coisa que precisa ser revisada para que o cetro olímpico seja de fato e
de direito o espelho da vida esportiva em um país campeão.
Mas o Brasil está indo mal de forma ampla, inclusive no futebol, onde quase não passou pela fraquíssima seleção de Honduras.
Mas o Brasil está indo mal de forma ampla, inclusive no futebol, onde quase não passou pela fraquíssima seleção de Honduras.
3. A meu ver, hospedar uma olimpíada é um risco
difícil de calcular. Fala-se que Barcelona saiu ganhando em 1992. Mas é oficial
que a Grécia entrou pelo cano com o certame em Atenas, em 2004. Agora em
Londres, estima-se um gasto exagerado, em contraste com a crise econômica que
atravessa.
Como nas copas de futebol, o país anfitrião tem de sujeitar-se a um rol
de exigências que nem sempre
correspondem a seus interesses. E mete a mão no dinheiro público, contando com
expectativas futuras. Só para a festa de
abertura, a Grã-Bretanha gastou o equivalente a R$ 86 milhões. Os investimentos britânicos por conta dos
jogos olímpicos chegaram a R$ 30 bilhões, o dobro do previsto quando apresentou
sua candidatura.
4. Em 9 de fevereiro
de 2009, quando disputou a indicação, o Rio de Janeiro apresentou uma previsão
de gastos de R$ 29,5 bilhões (em infraestrutura urbana, construção e reforma de
instalações esportivas, além de custeio do comitê organizador), quase oito
vezes o que foi investido para tirar o Pan 2007 do papel (R$ 3,8 bilhões).
Admite-se que parte desses investimentos, que representam quase o dobro do
orçamento anual da Prefeitura, traga benefícios permanentes para a
cidade, nos anos pós-olimpíadas.
Mas é fato que eles são direcionados para as zonas de “interesse
olímpico” e podem deixar sequelas irreparáveis para o conjunto da cidade. No caso dos equipamentos esportivos, o custo-benefício
de equipamentos para determinadas modalidades é totalmente improvável. E ainda se corre o risco
de obras de curta durabilidade, como aconteceu com o velódromo do Pan, que foi
descartado para as olimpíadas, embora na previsão de 2009 constasse que ele
seria aproveitado.
No orçamento de 2009 para
2016, está prevista a subutilização do Parque
Aquático Maria Lenk que custou R$ 85 milhões. Constatou-se que ele ficou defasado e será usado
apenas para saltos ornamentais e competições de polo.
Projetado para cinco
mil espectadores, o Maria Lenk poderia receber um público de até 12 mil em
estruturas provisórias, atendendo às exigências do COI na época da construção.
Mas, após os Jogos de Pequim, o COI passou a exigir espaço para 15 mil
espectadores. A solução encontrada foi planejar um novo complexo de piscinas,
no Centro Olímpico de Treinamento (COT) que o COB planeja construir no terreno
do autódromo.
5. À falta de uma
visão estratégica, cria-se uma situação temporária sem garantia de
continuidade. A rede hoteleira do Rio de
Janeiro tinha 20 mil quartos em 2009 e uma média anual de ocupação inferior a
60%. Para os jogos de 2016, a previsão
oficial é que chegue a 32 mil quartos, isso graças a incentivos (ou renúncias) fiscais da Prefeitura. Quem garantirá a viabilidade econômica posterior do
complexo hoteleiro dimensionado para o evento de 15 dias?
Bem, essas são apenas algumas reflexões. Voltando à Câmara,
como espero, vou dar uma atenção especial a todos os gastos com as olimpíadas,
a fim de que não aconteça o mesmo fiasco do Pan, que custou 14 vezes mais do que o orçado originalmente, segundo a revista ISTO É, cujas decisões maiores
aconteceram quando eu não estava no Legislativo (entre 2005 e 2006).
Governador Eduardo Campos grava
apoio à nossa candidatura
Eduardo Campos, o governador mais bem avaliado do Brasil, que aponta como "presidenciável", lembrou que Pedro Porfírio é uma figura de nossa história e merece resgatar o mandato. |
Nome nacional, como se verá em pronunciamentos que publicaremos aqui, Pedro Porfírio foi distinguido com um pronunciamento gravado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, e outro do vice-presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia.
Essas gravações estão sendo editadas pela produtora e serão publicadas aqui nos próximos dias, junto com outros pronunciamentos de lideranças e personalidades expressivas.
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