Universidades federais vivem
momento delicado com as paralisações e as cotas sociais impostas
Universidades federais em
greve. Professores e funcionários insatisfeitos. Alunos à espera de formatura.
Cursos parados. Hospitais universitários adiando transplantes. Mais cotas por
decisões no Congresso que ferem a autonomia universitária e mesclam assistência
social com aferição de aptidões.
Não pode existir um coquetel
mais explosivo para detonar a Universidade Pública, a parte sobrevivente da
educação que nos é devida pelo Estado e abrir o “mercado” para as empresas
particulares, que se espalham como todos os recantos como uma rede comercial de
massificação do diploma superior.
Sinceramente, estou
convencido de que, à falta de coragem para implodir formalmente o ensino
público superior, estão tratando de miná-lo com a colaboração inconsciente de
quem pode até estar cheio de razão e de direitos, mas deveria trabalhar numa
equação que explicite seu protesto sem prejudicar os alunos e a própria
sociedade, que investe com seus impostos na expectativa de profissionais
qualificados.
A notícia de que o Congresso
aprovou uma nova lei de cotas, prevendo 50% das vagas nessas condições reflete
a incompreensão dos parlamentares sobre a natureza da Universidade Pública e
procura, em essência, encobrir o ensino de péssima qualidade nas etapas
anteriores, especialmente no segundo grau.
Este encabeça a decadência do
ensino público, conforme a pesquisa do IDEB, divulgada nesta quarta-feira. Não podia haver casamento mais assustador: os
mesmos alunos notoriamente despreparados
terão um janelão à disposição no ensino superior, junto com os beneficiários das cotas raciais,
um contrabando trazido dos Estados Unidos, onde até a década de sessenta os negros eram oficialmente discriminados
em sistema de educação racista.
Nunca foi o caso do Brasil,
de onde serem inconsistentes as alegações de uma dívida histórica a respeito de
uma situação que nunca se configurou. É
preciso ser honesto para dizer que os negros em nosso país não tiveram
constrangimentos diferentes dos sofridos por seus irmãos brancos das classes
sociais mais pobres.
À superfície, não há relação entre a situação dos professores, que pleiteiam remunerações dignas pela via da paralisação das aulas, e a aprovação de cotas ao arrepio das realidades de cada instituição.
Mas essa coincidência nos
impõe uma reflexão madura e uma visão de perspectiva em relação ao futuro. O mundo desenvolvido vive hoje
momentos de crise dramáticos e é uma ilusão imaginar que o Brasil não poderá
ser contaminado por essa instabilidade.
Ao contrário – e isso é outra
preocupação igualmente pertinente – a economia brasileira priorizou as
exportações e mais dia, menos dia a falta de dinheiro lá fora vai nos deixar
sem ter a quem vender.
No caso das nossas Universidades, algumas de reputação internacional, impõe-se uma visão redonda dos seus problemas, muito bem diagnosticados pelos professores, que podem ter exagerado na terapêutica. Para além de sua condição comparativamente injusta há toda uma discussão maior tanto sobre as verbas a elas destinadas como sobre o entendimento das autoridades públicas, no Executivo e no Legislativo, sobre o peso da educação como um todo nos orçamentos dos entes governamentais.
Qualquer que seja a nossa responsabilidade na sustentação de um país que
precisa responder aos grandes desafios da vida moderna uma coisa se faz
indispensável: lucidez. Esta é a palavra
chave deste momento e que se aplica em todas as esferas do comportamento
social. A lucidez deve presidir nossas atitudes, independente de qualquer outra
motivação.
CONCORDO PLENAMENTE COM SEUS COMENTÁRIOS SOBRE A LEI DAS QUOTAS E A VULGARIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR. NÃO ADIANTA INCLUIR NELAS PESSOAS DESPREPARADAS. TEMOS QUE REFORÇAR O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NAS ESCOLAS PÚBLICAS. E VOLTAR AO SISTEMA DE, NO NÍVEL MÉDIO, SEPARAR OS ALUNOS VOCACIONADOS PARA O ENSINO DAS HUMANIDADES E DO TÉCNICO (ANTIGO CLÁSSICO E CIENTÍFICO), REFORÇANDO AQUELAS MATÉRIAS INDISPENSÁVEIS PARA UMA BOA BASE NA UNIVERSIDADE.
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